[Ietf-lac] Videos de Antonio (ERA: Re: Ietf-lac Digest, Vol 9, Issue 2)

Antonio M. Moreiras moreiras at nic.br
Fri Jan 17 21:13:44 BRST 2014


On 17/01/14 16:48, Azael Fernandez Alcantara wrote:

> Ojala los podamos tener en otros idiomas !!  y ser parte de su legado y
> la documentacion visual y auditiva.

Alguém é voluntário para traduzir o texto? Para fazermos uma versão em
espanhol?

Segue abaixo.

[]s
Moreiras.

--

IETF e padrões da Internet, em português claro

--

Quase todo mundo já ficou chateado porque comprou um equipamento com um
tipo de tomada elétrica, e não conseguiu ligá-lo num quarto onde as
tomadas eram de outro tipo. Algo tão simples como o jeito de
interconectar dois ou três fios elétricos pode nos dar muita dor de cabeça!

Na Internet temos milhares de empresas fabricando equipamentos, criando
softwares e prestando serviços. A Internet é realmente muito mais
complicada do que uma tomada elétrica, mas ainda assim funciona muito
bem. Isso só é possível porque existem padrões tecnológicos. Padrões são
apenas regras sobre como as coisas devem funcionar, permitindo uma
uniformidade necessária para que trabalhem em conjunto. Os padrões
usados na Internet são criados por um grupo chamado IETF, ou Internet
Engineering Task Force. Em português, poderíamos traduzir para Grupo de
Trabalho de Engenharia da Internet. O IETF é formado por gente que vem
de provedores e fabricantes de equipamentos, por pesquisadores,
professores, estudantes e outros. Basicamente, qualquer um que estiver
interessado pode participar. Vamos conhecer algumas dessas pessoas.

Márcia é professora e pesquisadora na área de redes e Internet. Algumas
das tecnologias em que ela está interessada só serão utilizadas por nós
daqui a dez ou vinte anos. Mas para fazer um bom trabalho, Márcia tem de
estar atenta também à tecnologia que é usada hoje na Internet. Por isso
Márcia participa do IETF. Além de encontrar outros pesquisadores, ela
tem a oportunidade de contato direto com fabricantes de equipamentos e
provedores. Ela mantem-se à par dos desafios presentes, enquanto também
olha para o futuro. Assim, consegue ser uma professora muito melhor.
Márcia colabora em alguns grupos de trabalho, contribuindo com seu
conhecimento para a solução de problemas, e para o aprimoramento das
tecnologias da rede. Ela sabe que a transferência de tecnologia das
universidades para as empresas é algo bom pra sociedade, e fica muito
satisfeita por poder fazer parte disso.

Carlos, por sua vez, é dono de um provedor que atende alguns milhares de
usuários, operando em cidades do interior. Ninguém conhece as
dificuldades técnicas na operação de um provedor Internet como ele.
Muitas vezes ele tem idéias que poderiam simplificar seu dia a dia, mas
exigiriam mudanças no funcionamento da própria Internet. Por isso Carlos
participa do IETF. Ele quer ter certeza de que os problemas enfrentados
por provedores como o dele estão sendo levados em consideração na
criação de novos padrões tecnológicos. Acha que muitas vezes o pessoal
acadêmico não conhece tão bem o dia a dia, e que os fabricantes de
equipamentos nem sempre conseguem representar fielmente os interesses de
seus clientes.

Já o Paulo é da equipe de engenharia de um fabricante de equipamento de
redes. Eles sabem que têm de estar inseridos no grande ecossistema da
Internet, para poder sobreviver no mercado. Sabem que sua tecnologia tem
de funcionar em conjunto com tudo o que já existe na rede, e com o que
virá no futuro. Por isso, Paulo participa do IETF. Atualmente, ele
contribui ativamente no grupo homenet, que trata dos protocolos
necessários para uma rede residencial num contexto em que há cada vez
mais dispositivos conectados e em que o IPv6 e a Internet das coisas são
o dia a dia. O principal produto da empresa de Paulo são pequenos
roteadores domésticos e dessa forma ele pode garantir que funcionarão
bem. Ele também garante que a realidade do mercado nacional será
contemplada pelos novos protocolos.

O IETF trabalha com padrões abertos. Isso quer dizer que são criados num
processo aberto à participação de todas as partes interessadas, e que
prioriza o mérito técnico nas decisões. Quer dizer também que os padrões
estão disponíveis publicamente, livres de royalties ou outros
impedimentos, permitindo que qualquer interessado os utilize em seus
produtos. A adoção desses padrões é voluntári, mas todos os utilizam.
Isso acontece porque eles funcionam, são baseados em soluções testadas,
e porque são criados num processo de consenso aproximado. Não são como
os padrões para as tomadas elétricas e tantos outros, que são
obrigatórios e ainda assim causam problemas.

Para participar do IETF basta entrar no site www.ietf.org. Lá estão
listados vários grupos de trabalho diferentes, divididos em áreas, cada
um cuidando de um assunto em particular. Os grupos são criados para
resolver problemas específicos e normalmente deixam de existir depois
depois que terminam seu trabalho. Na página de cada grupo há uma
descrição dos seus objetivos. Há também um endereço para uma lista de
emails, e links para os documentos que o grupo está discutindo.

Uma vez que você tenha escolhido os grupos de que quer participar, basta
assinar as listas de email e começar a interagir. É importante que você
leia as mensagens por alguns dias, para entender como as coisas
funcionam, e só então comece a contribuir. O trabalho é feito em inglês,
já que há gente do mundo todo envolvida. Não existe um processso de
registro ou afiliação formal ao IETF. E não interessa muito de que
instituição você vem. Você será valorizado pelo que disser, pelo mérito
técnico de suas contribuições.

Nas listas, a discussão gira em torno de documentos, chamados drafts, o
que numa tradução livre significa "rascunho". Um draft pode ser uma
proposta para um novo protocolo, ou padrão tecnológico, uma proposta
para melhorar um padrão existente, ou para um documento informativo. Uma
vez que um documento é aprovado ele passa a se chamar RFC, ou Request
for Comment. As RFCs são o principal "produto" do IETF: os padrões
usados na Internet.

Os participantes do IETF também se reúnem presencialmente três vezes por
ano. Geralmente essas reuniões são na América do Norte, Europa ou Ásia,
mas é possível que em breve haja também reuniões na América Latina. Não
se preocupe se você ou sua empresa não podem pagar os custos da viagem.
É possível participar ativamente do IETF apenas pelas listas de email.
Além disso, a Internet Society oferece algumas bolsas para participantes
que atendem a determinados requisitos.

Então é isso. Você já sabe porque o IETF é importante. E já sabe também
como começar a participar. Acesse www.ietf.org e comece hoje mesmo.

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